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Preso diz à Justiça que apanhou de Greenhalgh; deputado vê “absurdo”

Em interrogatório sigiloso à Justiça na última sexta-feira, o preso Rodolfo Rodrigo dos Santos Oliveira, o Bozinho, acusado pelo assassinato do prefeito Celso Daniel (PT), afirmou que o advogado e deputado federal petista Luiz Eduardo Greenhalgh (SP) foi uma das pessoas que o torturaram para que confessasse o crime.

Em interrogatório sigiloso à Justiça na última sexta-feira, o preso Rodolfo Rodrigo dos Santos Oliveira, o Bozinho, acusado pelo assassinato do prefeito Celso Daniel (PT), afirmou que o advogado e deputado federal petista Luiz Eduardo Greenhalgh (SP) foi uma das pessoas que o torturaram para que confessasse o crime.

Greenhalgh –que sempre se disse “convicto” de que Daniel foi vítima de “um crime comum de sequestro”– rotulou de “absurda” a acusação de Bozinho.

Na época do depoimento do acusado à polícia, em março de 2002, o deputado acompanhava, por designação do PT, as investigações sobre a morte do prefeito de Santo André. Na semana passada, o partido anunciou para o posto o ex-procurador-geral da República Aristides Junqueira.

Segundo a Agência Folha apurou, Bozinho disse ao juiz Luiz Fernando Migliori Prestes, da 1ª Vara da Comarca de Itapecerica da Serra (SP), que somente confessou ter participado do assassinato de Daniel por ter sido submetido a processos de tortura, como ficar nu e encapuzado, com os pés e as mãos amarrados, recebendo descargas elétricas nas costelas, na barriga e nos dedos.

De Greenhalgh, o preso diz ter recebido tapas no rosto para que confessasse sua participação no crime. Depois, ao ser encapuzado, não soube responder ao juiz se o deputado permaneceu na sala na qual prestava depoimento, no DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa).

A pedido do juiz, Bozinho teve de descrever fisicamente o parlamentar.

Ontem, por meio de sua assessoria, Greenhalgh disse: “Lutei contra a prática de tortura neste país desde a ditadura militar até hoje. Os depoimentos dos envolvidos no caso Celso Daniel eram presenciados por testemunhas, feitos pelos delegados e promotores e vistos por mim. Quer no Deic [Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado], quer no DHPP, quer na Polícia Federal. Durante a investigação do caso, não presenciei nenhum tipo de agressão aos envolvidos nos depoimentos que acompanhei. Isso é um absurdo”.

Na última sexta-feira, a advogada de Bozinho, Melissa do Amaral, disse que seu cliente só confessou o crime em 2002 por ter sido torturado. Ontem, questionada pela Agência Folha, ela se recusou a falar sobre a citação do nome de Greenhalgh. “O depoimento foi sigiloso e não posso falar nada.”

A Polícia Civil não quis comentar as acusações, por não ter tido acesso ao depoimento, que corre em segredo de Justiça.

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