SÃO PAULO. O juiz federal João Carlos da Rocha Mattos, preso desde outubro sob acusação de chefiar uma quadrilha que vendia sentenças e protegia traficantes, indicou aos promotores de Santo André a testemunha-chave que levou à prisão do empresário Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, suspeito de ter planejado a morte do prefeito Celso Daniel (PT) em janeiro de 2002.
No fim de novembro, os promotores foram à carceragem da Polícia Federal em São Paulo para falar com Rocha Mattos, acusado de ser mentor da quadrilha desbaratada pela Operação Anaconda. Eles queriam informações sobre as gravações telefônicas feitas pela PF. Um lote de fitas com as gravações de Santo André havia sido encontrado na casa da ex-mulher do juiz, Norma Regina Emílio Cunha.
O juiz disse não saber o destino das fitas, mas afirmou conhecer uma pessoa que vira Daniel ser transferido do carro de Sombra para outro veículo.
— Estivemos mesmo com Rocha Mattos — confirmou o promotor Roberto Widel.
Dias depois, os promotores chegaram à testemunha, cujo nome é mantido sob sigilo, por questões de segurança. Com base no relato da testemunha, foi pedida a prisão de Sombra.
Daniel era prefeito de Santo André pela terceira vez e coordenador do programa de governo do então pré-candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva quando foi assassinado, em janeiro de 2002. O prefeito era um dos principais nomes da equipe de campanha de Lula.
Sombra, amigo do prefeito e empresário do setor de transporte, foi preso em dezembro sob acusação de ter planejado a morte de Daniel. Ele é suspeito de comandar um esquema de corrupção com ramificações na prefeitura.