O novo juiz do caso Alexandre Crenitte, Caio Moysés de Lima, repetiu as ordens do juiz Ali Mazloum, afastado do caso após a deflagração da operação Anaconda, e cobrou o acesso ao conteúdo de todas as interceptações telefônicas feitas pela Polícia Rodoviária Federal de Brasília durante a investigação do delegado Crenitte.
Ali Mazloum, titular da 7ª Vara Criminal Federal de São Paulo, foi acusado de abuso de autoridade e formação de quadrilha, a partir das investigações da operação Anaconda, por ter cobrado o acesso integral a essas provas.
Segundo o Ministério Público Federal, autor da denúncia, Mazloum insistiu em querer o acesso a todas as gravações para proteger o grupo investigado, de quem fariam parte o delegado Crenitte e o empresário Ari Natalino da Silva.
O advogado de Mazloum, Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, argumenta na defesa de seu cliente que “todo o procedimento adotado pelo juiz Ali Mazloum foi direcionado unicamente a angariar todo o material probatório obtido através de escutas telefônicas autorizadas pelo Juízo da 10ª Vara Federal de Brasília.”
Mariz alegou, ainda, que os requerimentos feitos por Mazloum para que o Juízo da 10ª Vara Federal de Brasília lhe enviasse todo o material “foram feitos nos próprios autos do processo, tendo a eles acesso tanto a defesa quanto a acusação. Tudo foi feito às claras, de forma oficial, de modo que não há como se conceber a insinuação constante da denúncia que sua intenção era proteger terceiros, em especial o agente César Herman.”
Um dia depois de a operação Anaconda ter vindo à tona, Mazloum pediu à Presidência do Tribunal Regional da 3ª Região para ser afastado do caso. O MPF fez um pedido de igual teor, no mesmo dia. O caso, então, passou às mãos do juiz substituto da 7ª Vara Criminal Federal, Caio Moysés de Lima.
Em despacho feito no início de novembro — exatamente como Mazloum fez em setembro —, Lima postergou o recebimento da denúncia contra Crenitte e a apreciação do pedido de prisão preventiva dele até receber todo o material referente à interceptação telefônica dos envolvidos no caso.
O novo juiz do caso Crenitte também reiterou o entendimento de Mazloum de que, ao contrário do que dizem algumas autoridades responsáveis pelo caso em Brasília, houve, sim, interceptações telefônicas nos meses de abril e maio.
Lima afirmou no despacho que, “muito embora o Juízo da 10ª Vara Federal de Brasília não tenha deferido a realização de interceptações telefônicas nos meses de abril e maio de 2003, os relatórios apresentados indicam que teria sido empreendida interceptação por pelo menos 12 dias do mês de abril.”