Os desentendimentos entre Luiz Inácio Lula da Silva e o Judiciário começaram em abril de 2003, quando o presidente defendeu o controle externo da instituição e a abertura de sua “caixa-preta”. A afirmação provocou forte reação da cúpula dos tribunais, que viu uma ameaça à independência daquele Poder.
O então presidente do Supremo, ministro Marco Aurélio Mello, que recebera visita de Lula um pouco depois de este ser eleito e o elogiara, fez duras críticas ao presidente.
As desavenças se acirraram com o envio da proposta de reforma previdenciária, que pedia o fim da aposentadoria integral dos juízes. Na queda de braço, Lula chegou a pedir “agilidade” do Judiciário nos casos de corrupção e disse que os juízes não o impediriam de fazer com que o país assuma um papel de destaque.
A reação mais pesada partiu de Maurício Corrêa, então já à frente do STF, que criticou o “centralismo stalinista” do governo e os “impropérios”, as “manipulações políticas” e o “deslumbramento” do presidente.
Os dois se encontraram uma semana depois das declarações de Corrêa, na festa de 7 de Setembro. Dividiram o mesmo palco, mas não se cumprimentaram. No último dia 18, quando o STF completou 175 anos, Lula não compareceu ao evento. No mesmo dia, o governo organizou um ato no Itamaraty. Corrêa também não foi.