Policiais federais de todo o Brasil promovem assembléias, nesta quarta-feira (3/12), para decidir pela greve da PF. “A minha avaliação dessa véspera é que a greve é irreversível”, disse Francisco Carlos Garisto, presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), que congrega 12 mil afiliados.
Garisto afirmou que nas últimas semanas tentou promover soluções “administrativamente, mas não progredimos naquilo que o governo chama de contato de diálogo”. Os policiais federais dizem buscar o cumprimento da Lei 9.266, de 1996, a regular os cargos de nível superior no serviço público brasileiro. “Somos os únicos servidores da União que têm nível superior e não recebem de acordo com o nível que tem. Há duas semanas estive no gabinete do ministro da Justiça,
Márcio Thomaz Bastos, mostrei esse quadro a ele e ele me disse estar estupefato”.
Perguntado se, com a greve, os federais não seriam acusados pelo diretor da PF, delegado Paulo Lacerda, de tentarem esvaziar a Operação Anaconda (como Lacerda fez há duas semanas), Garisto foi taxativo.
“A Justiça Federal do Ceará já entendeu que todos nós, todas as categorias da PF, como agentes e papiloscopistas, por exemplo, têm direito a salários de nível superior, porque todos nós temos nível superior. Mas o delegado Paulo Lacerda quer dar um golpe, puxando esse nosso direito para apenas vantagens salariais a serem usufruídas por delegados. Vamos denunciá-lo por isso”, atacou.
Garisto disse, ainda, que a categoria não teme ser acusada de esvaziar, com a greve iminente, a Operação Anaconda. “Essa operação já acabou, porque se baseava em grampos que já foram feitos, o único trabalho agora é a análise dos cds com as escutas, e uma greve não iria impedir os peritos e técnicos de acabarem esse trabalho”, concluiu.